Saúde

  1. Notícias
  2. Saúde
  3. Burnout, a Síndrome do Esgotamento Profissional
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Burnout, a Síndrome do Esgotamento Profissional

Distúrbio precisa ser observado e tratado com cuidado e seriedade


Ana Luiza Prates

Entretenimento

Psiquiatra, especialista em Dependência química, Psicoterapia cognitivo comportamental , Neurociências, Mindfulness e Psicologia Positiva. Professora e Idealizadora do Curso de Saúde emocional da mulher. Colunista do Rádio Cast.


Saiba como identificar os primeiros sintomas e principalmente como prevenir essa grave condição clínica que pode afetar sua saúde física e mental e seu desempenho no trabalho.

A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional que cursa com sintomas de exaustão emocional intensa, stress e esgotamento resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. O termo “Burnout” (traduzido do inglês, "burn" quer dizer queima e "out" exterior) foi originalmente cunhado em 1974 pelo psiquiatra americano Herbert Freudenberger e o que temos visto é que, com o aumento da demanda de trabalho e das pressões constantes na vida profissional e pessoal, essa condição clínica tem se tornado um problema cada vez mais comum entre os trabalhadores em todo o mundo.

A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome pode afetar qualquer pessoa, independentemente do setor de trabalho ou nível hierárquico, mas é mais comum entre profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, advogados, executivos, entre outros.

A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis e em situações em que possa achar não ter capacidade suficiente para os cumprir. Esse stress crônico pode levar a importantes problemas de saúde física e mental, bem como diminuição do desempenho no trabalho.

Como identificar os sintomas do Burnout?

Os sintomas do Burnout variam de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem exaustão emocional, nervosismo, sensação de despersonalização, falta de energia e motivação para as atividades diárias, distanciamento emocional dos outros, falta de empatia, sofrimento e falta de realização pessoal, bem como problemas físicos, como dor de barriga e outros sintomas gastrintestinais, cansaço excessivo, cefaleia frequente, dores musculares e tonturas. Também podem fazer parte desse quadro alterações no sono e no apetite, aumento da pressão arterial, taquicardia, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso, incompetência, insegurança e desesperança.

O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, a negatividade e as alterações repentinas de humor, quando constantes, podem indicar o início da doença. Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Por essa razão, muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro.

Para evitar problemas mais sérios e complicações da doença, é fundamental buscar apoio profissional assim que notar qualquer sinal. Pode ser algo passageiro, sim, mas pode ser o início da Síndrome de Burnout. O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feito por profissional especialista após análise clínica do paciente. A Síndrome foi incluída Na CID11 (Classificação Internacional de Doenças em sua 11 revisão) no capítulo de problemas associados ao emprego ou ao desemprego, recebendo o código “QD85”.

O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma de tratamento. Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda. O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos).

O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso. Na maioria dos casos são necessárias substanciais mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida. Atividades físicas regulares e exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, tanto para aliviar o stress como para controlar os sintomas da doença. Após o diagnóstico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas - amigos, familiares, cônjuges, etc.

Sinais de piora da Síndrome de Burnout podem surgir quando a pessoa não segue o tratamento adequado. Dessa forma, os sintomas podem se agravar e incluir a perda total da motivação e distúrbios gastrointestinais intensificados. Nos casos mais graves, a pessoa pode desenvolver uma depressão, que muitas vezes pode ser indicativa de internação para avaliação detalhada e possíveis intervenções médicas.

Como então prevenir essa grave condição?

A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout é ter um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal. É imprescindível desenvolver estratégias que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início.

Seguem algumas importantes dicas de como prevenir chegar a um grau de adoecimento e exaustão como o Burnout:

● Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal, estabelecendo limites claros entre o trabalho e a vida pessoal;

● Participe de atividades de lazer com amigos e familiares(rede de apoio emocional), bem como tenha tempo para seus “hobbies”;

● Faça atividades que fujam à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema;

● Evite o contato com pessoas negativas, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros;

● Converse com alguém de confiança sobre o que está sentindo; ● Faça atividades físicas regulares, sempre dentro de suas preferências;

● Descanse adequadamente, com pelo menos 8h diárias de uma boa noite de sono;

● Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque esse hábito pode ainda piorar seus sintomas;

● Aprenda técnicas de gerenciamento de stress, como meditação, ioga e respiração profunda;

● Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica. É fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas.

O Burnout é um problema crescente que afeta muitas pessoas em todo o mundo. É importante reconhecer os sintomas, prevenir sua ocorrência e buscar ajuda profissional se necessário. Com o equilíbrio certo entre trabalho e vida pessoal, apoio emocional e técnicas de gerenciamento de stress, é possível evitar o Burnout e manter sua saúde física e mental em dia.

Cuide-se!

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
Colunistas

Carregando...


Saiba mais