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Imagem: Nobelprize.org / Reprodução

Nobel de Medicina: entenda como o combate à Covid-19 rendeu o prêmio a dupla de cientistas este ano

Uma pesquisa arrojada desencadeou uma série de novos conhecimentos sobre os fatores genéticos ligados ao sistema imunológico e a criação de vacinas contra a covid-19


Vitor Viterbo

Notícias

Doutor em Química pela UFMG; Mestre em Modelagem Matemática e Computacional pelo CEFET-MG, tendo realizado trabalhos em IA no Brasil e Estados Unidos. Atualmente dedica seu tempo ao desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em inteligência artificial, computação quântica, eletrônica e áreas afins.


A divulgação do Prêmio Nobel deste ano ocorre a partir desta segunda-feira (2) até 9 de outubro. O primeiro a ser anunciado foi o de Medicina e Fisiologia, em que os agraciados foram os cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman

O trabalho deles contribuiu com o desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19. A professora Karikó, especialista em bioquímica, trabalha na Universidade da Pensilvânia e na BioNTech. Weissman também trabalha na Universidade Da Pensilvânia, especialista em imunologia e microbiologia. 

As descobertas originadas dos trabalhos desses pesquisadores mudaram a forma como entendemos as interações do RNA mensageiro (mRNA) com o nosso sistema imunológico e contribuíram de forma fundamental para o desenvolvimento de vacinas durante a pandemia recente.

Para entendermos a grandeza desse avanço da tecnologia, na produção de vacinas, é importante destacar os fundamentos da genética celular. A informação genética dentro das células é codificada no DNA e transferida para o mRNA que serve como modelo para a produção de proteínas. 

Efetuar pesquisas usando o RNA é um desafio dada a instabilidade de suas versões sintetizadas em laboratório, as quais causam reações alérgicas. Esse obstáculo foi superado quando Karikó e Weissman divulgaram que as células dendríticas reconhecem o mRNA transcrito como uma substância intrusa, o que leva a ativação delas e o organismo passa a produzir moléculas sinalizadoras de inflamação. 

Os pesquisadores descobriram que modificações no mRNA reduziam as respostas inflamatórias e aumentaram a produção de proteínas, abrindo caminho para aplicações clínicas usando o mRNA que culminou com a produção de várias vacinas contra a covid-19.

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Karikó, K., Buckstein, M., Ni, H. and Weissman, D. Suppression of RNA Recognition by Toll-like Receptors: The impact of nucleoside modification and the evolutionary origin of RNA. Immunity 23, 165–175 (2005).

Karikó, K., Muramatsu, H., Welsh, F.A., Ludwig, J., Kato, H., Akira, S. and Weissman, D. Incorporation of pseudouridine into mRNA yields superior nonimmunogenic vector with increased translational capacity and biological stability. Mol Ther 16, 1833–1840 (2008).

Anderson, B.R., Muramatsu, H., Nallagatla, S.R., Bevilacqua, P.C., Sansing, L.H., Weissman, D. and Karikó, K. Incorporation of pseudouridine into mRNA enhances translation by diminishing PKR activation. Nucleic Acids Res. 38, 5884–5892 (2010).

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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