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Estou com Burnout? Saiba o que é e como identificar a síndrome


Dra. Júlia Khoury

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Psiquiatra e professora, médica pela UFMG. Psiquiatra pelo Hospital das clínicas da UFMG


A Síndrome de Burnout (do inglês, queima que vem do exterior) foi descoberta nos Estados Unidos em 1974 e foi primeiramente descrita em trabalhadores de saúde, professores e policiais. 

Ela também é conhecida como a Síndrome do Esgotamento  Profissional, já que a principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho ou o excesso de cobranças relacionadas ao trabalho. Situações de trabalho desgastantes, competitivas, assediantes ou profissionais que atuam diariamente sob pressão e muita responsabilidade, são fatores que contribuem para o início e a manutenção do quadro. 

Pessoas perfeccionistas, que se cobram muito e têm um alto padrão de exigência consigo e com o outros também têm mais chance de desenvolver o transtorno.

Os principais sintomas da Síndrome Burnout são:

  • Irritabilidade;
  •  nervosismo;
  • impaciência;
  • sensação de cansaço extremo;
  • esgotamento físico e mental;
  •  dores de cabeça frequentes;
  •  insônia;
  •  alterações para mais ou para menos no apetite;
  •  dificuldade de concentração;
  •  falhas de memória;
  •  sentimentos de fracasso, incompetência, impotência ou insegurança;
  • oscilações bruscas do humor;
  • ansiedade;
  • pessimismo;
  • dores musculares;
  • pressão alta e outros.

É comum que as pessoas com a Síndrome de Burnout comecem a faltar muito ao trabalho, além de ter o rendimento profissional diminuído. Isso reforça a sensação de incompetência e insegurança, agravando ainda mais o quadro.  

Geralmente os sintomas iniciais são leves, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Na maioria das vezes, o quadro melhora muito ou desaparece com o afastamento do trabalho. Algumas pessoas, entretanto, evoluem para depressão ou para outros quadros psiquiátricos mais graves.

O que aconteceu durante a pandemia

A pandemia alterou, para grande parte da população, a forma de trabalho e a relação com o mesmo. O home-office afastou os colegas, acabou com as “pausas para o cafezinho” e com os momentos de descontração. Durante esse período, percebemos o quão importante são esses pequenos momentos de descanso e o quanto fazem falta os relacionamentos interpessoais.

Além disso, os limites entre o trabalho e a vida pessoal se tornaram tênues e muitas vezes imperceptíveis. Não há hora para o fim do expediente e as demandas acontecem o tempo todo. É difícil realizar o trabalho na nossa casa, que antes era o nosso ambiente de descanso, e agora se transformou em escritório, escola e academia de ginástica. É muito difícil conciliar o home-office, os cuidados com as crianças e as atividades escolares. É tanta demanda que perdemos o foco e constantemente nos vemos ultrapassando os nossos limites! Tudo isso fez com que, desde o início da pandemia pelo COVID-19, a prevalência da Síndrome de Burnout aumentasse em 51% no Brasil, segundo a Fundação Dom Cabral.

Como prevenir a Síndrome de Burnout

A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout é por meio de estratégias que reduzem o estresse e a pressão no trabalho

Pequenas atitudes durante a rotina de trabalho são de grande valia, como fazer pequenas pausas para relaxar, conversar com os colegas e alongar o corpo. Também é importante estabelecer um estilo de vida mais saudável com atividades físicas, alimentação balanceada, pelo menos oito horas de sono por noite, atividades de lazer e diversão. Portanto, é fundamental manter o equilíbrio entre a vida profissional, familiar e social.

Nos momentos de estresse, o uso de bebidas alcoólicas, cigarro e outras drogas parece tentador, pois realmente pode aliviar os sintomas a curto prazo. O problema é que essas válvulas de escape têm um efeito muito breve e logo depois o estresse volta ainda pior. Portanto, evitar o uso dessas substâncias, assim como de medicações por conta própria, é fundamental para a prevenção da Síndrome de Burnout.

Como reduzir o Burnout

Algumas dicas e condutas simples podem ser implementadas no home-office para reduzir a chance da Síndrome do Esgotamento Profissional:

  • Estabelecer um ambiente silencioso e específico para a realização das atividades de trabalho;
  • seguir uma rotina de trabalho como se estivesse no trabalho presencial (com horários fixos para iniciar, descansar, almoçar e terminar);
  • se vestir como se estivesse saindo para trabalhar (isso ajuda seu cérebro a entender que você vai realizar as atividades laborais, aumentando o foco e a concentração);
  • evitar distratores, como televisão, smartphones e outros estímulos não relacionados ao trabalho;
  • estabelecer horários de descontração com os colegas, nos quais vocês possam conversar sobre outros assuntos que não sejam relacionados ao trabalho

Como tratar a Síndrome de Burnout

O tratamento mais eficaz para a Síndrome de Burnout é o afastamento temporário do trabalho e/ou das situações geradoras de estresse. É de grande ajuda tirar férias, passar mais tempo com a família e os amigos, e realizar atividades relaxantes, como a meditação, o alongamento e o ioga.

A mudança dos hábitos e do estilo de vida é fundamental para prevenir recaídas, assim como o estreitamento dos laços sociais e familiares. A participação nas atividades da comunidade e nos grupos de autoajuda, e o desenvolvimento da espiritualidade e da religiosidade também são práticas indicadas para o tratamento e prevenção de novos episódios.

Em alguns casos, pode ser necessário o tratamento com psicólogo e/ou psiquiatra. Muitas vezes, a terapia e as medicações antidepressivas e ansiolíticas aceleram a resposta ao tratamento e evitam a evolução para quadros mais graves.

Se você tem os sintomas da Síndrome de Burnout, procure ajuda de um profissional de saúde mental e aproveite para rever o seu estilo de vida! Afinal, não há nada mais valioso que a sua saúde física, emocional e espiritual!

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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